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Relatório aborda resultado do projeto Ruas Completas em Salvador

Única via de Salvador e uma das poucas do Brasil a ser contemplada com o projeto Ruas Completas, a Rua Miguel Calmon, no Comércio, está presente no mais novo relatório publicado pela organização World Resources Institute (WRI) Brasil. O local, que teve o menor número de acidentes com feridos em oito anos (2012 a 2019), manteve zerado o índice de mortes no trânsito após a implantação da iniciativa.

O estudo pode ser acessado no próprio site da WRI Brasil (wribrasil.org.br/pt/publicacoes/ruas-completas-no-brasil-estudo-casos). Conforme os dados divulgados no relatório, intitulado “Ruas Completas no Brasil – Promovendo uma mudança de paradigma”, a Miguel Calmon registrou em 2019 – ano em que foi concluída a intervenção no local – três acidentes com feridos. Em 2018, esse número foi de 11 ocorrências. 

Desde que foi concluída, em setembro de 2019, a intervenção na Miguel Calmon trouxe novo conceito urbanístico e sustentável, baseado na distribuição mais democrática do espaço viário. O objetivo foi promover segurança e conforto em todos os modos de deslocamentos, tendo atenção especial a pedestres, ciclistas e ao meio ambiente.

“A redução do número de sinistros com feridos após a implantação do projeto só demonstra que estamos alinhados às melhores práticas do urbanismo contemporâneo. As cidades e espaços urbanos precisam ser pensadas para as pessoas, promovendo mais convivência”, destaca a presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield.  

O órgão municipal desenvolveu o Ruas Completas na Miguel Calmon em parceria com o WRI Brasil e a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), contando com a contribuição de um grupo de trabalho composto por diversos órgãos municipais, organizações patronais e uma universidade. Segundo Tânia, a perspectiva é continuar implantando modelos viários similares em vias importantes de circulação de veículos e pedestres. 

“Outros projetos já seguem esse conceito, a exemplo da Rua do Curuzu, requalificada e entregue à cidade em 2020.  Novas intervenções seguirão os princípios de Ruas Completas”, garantiu.

Destaque – Além da capital baiana, o projeto Ruas Completas foi implantado em mais sete municípios do país: Campinas, Curitiba, Juiz de Fora, Niterói, Porto Alegre, São José dos Campos e São Paulo. Para a presidente da FMLF, o resultado do relatório da WRI consolida a Rua Completa Miguel Calmon como uma experiência bem-sucedida, que inclusive ganhou importantes prêmios da própria WRI Brasil e da FNP.

“De todas as cidades que participam dessa parceria com a WRI, Salvador sempre se destacou porque, desde o início, fomos escolhidos como projeto-piloto e optamos por uma intervenção urbanística definitiva para a Miguel Calmon. O nosso projeto teve grande repercussão pela dimensão, investimentos e consolidação dos conceitos de privilégio do pedestre, do ciclista e transporte público em relação ao automóvel”, frisou Tânia Scofield.

Diagnóstico – Na Miguel Calmon, o Ruas Completas cobriu cerca de 1,1 mil de extensão da via e um trecho da Avenida Jequitaia, abrangendo uma área de aproximadamente 24 mil m². O investimento foi de aproximadamente R$4,8 milhões, provenientes de financiamento junto à Caixa Econômica Federal.

A realização de um diagnóstico foi o primeiro passo para embasar o projeto urbanístico e avaliar os principais problemas da rua. Foi identificado, por exemplo, fatores que não contribuíam para um deslocamento confortável na via, como a pavimentação, que era feita basicamente em pedra portuguesa e que estava em péssimo estado de conservação. 

Também havia presença de obstáculos verticais, como postes, placas e avanços construtivos em áreas inconvenientes, tornando-se verdadeiras barreiras físicas para o deslocamento da população; falta de rampas de acessibilidade, faixas de pedestres e até mesmo semáforos que possibilitassem a travessia com segurança. 

Somam-se ainda outros aspectos que se mostravam problemáticos na região, como a desorganização do espaço público, devido ao desordenamento dos trabalhadores informais e das vagas de estacionamento; pontos de alagamento; e as más condições da iluminação pública. O diagnóstico identificou, também, uma oportunidade para a criação de espaços para o plantio de dezenas de novas árvores.

Redefinição – A partir desse raio-X, o projeto propôs a requalificação total da Rua Miguel Calmon e de trecho da Avenida Jequitaia com a execução de uma série de urbanísticas. A quantidade de faixas de tráfego da via foi redefinida de quatro para três – sendo duas delas com 3 metros de largura e uma com 3,5 metros destinada, preferencialmente, para o transporte coletivo. 

A mudança não implicou perda da capacidade de fluidez do trânsito, conforme análise dos órgãos de trânsito e mobilidade da capital baiana. Essa decisão permitiu que fossem contemplados os demais elementos urbanísticos, como a implantação de uma ciclofaixa e o alargamento de alguns trechos de calçada.

Ciclofaixa – Outra novidade que surgiu com o Ruas Completas foi a criação de uma ciclofaixa na extensão da Miguel Calmon, o que facilitou a conexão aos ascensores que ligam a cidades Baixa à Alta (Elevador Lacerda, Plano Inclinado Gonçalves e o Plano Inclinado do Pilar). 

O objetivo foi incentivar o transporte ativo e a mobilidade sustentável no Centro Histórico. Com 1,1 quilômetro de extensão e 2,4 metros de largura, a ciclofaixa é bidirecional, segregada com tachões reflexivos e separadores em blocos de granito, e foi posicionada entre as vagas de estacionamento remanescentes e a calçada, protegendo os ciclistas. 

Passeios – Além disso, novas calçadas foram projetadas para adequar a circulação de pedestres, com especificação de pavimentação em concreto lonado e faixa de serviço em pedra portuguesa, num desenho harmônico e convidativo ao caminhar. As calçadas passaram a contemplar as normas de acessibilidade universal, ganhando rampas, piso tátil e passagem de pedestres, inclusive algumas elevadas. 

Também foram criadas minipraças, definidas como “espaços de descanso”. Tratam-se de áreas de pavimentação diferenciada, com bancos, arborização e iluminação especial para oferecer mais conforto e criar oportunidades de convivência para as pessoas. 

Mobiliários e arborização – Foi implantado ao longo de toda a área da intervenção novo mobiliário urbano com a colocação de equipamentos como bancos, lixeiras e paraciclos de design adequado ao espaço e linguagem contemporânea. Noventa novas árvores de espécies nativas e porte adequado, considerando o espaço disponível em cada ponto, foram plantadas para garantir sombra e conforto térmico (uma vez que estiverem crescidas), além de contribuir para a compensação das emissões de carbono dos automóveis que circulam na região.

Estacionamentos – A organização e a segurança da área passavam, necessariamente, pelo ordenamento dos espaços de estacionamento. Desse modo, outra solução adotada foi estabelecer que o estacionamento ao longo da via fosse destinado apenas a veículos de serviços, como táxis, transporte por aplicativo, ambulâncias e transporte de valores, medida prevista também para as vias transversais.

A nova geometria da via foi pensada de forma a promover segurança viária, com o realinhamento do traçado de todo o meio-fio, definição de novo eixo e greide (inclinação vertical) da via e redefinição de todos os raios de curvatura das esquinas.

Pavimentação – Em toda a Miguel Calmon, foi executada a fresagem do asfalto, adequando a cota de nível ao novo greide, e preparação para recebimento de nova camada do pavimento. A Praça Riachuelo, que era toda em asfalto, recebeu piso intertravado, valorizando o monumento e utilizando a pavimentação como elemento de moderação do tráfego. Além disso, a microdrenagem foi adequada às modificações impostas pelo novo desenho urbanístico.

Sinalização – A parte de sinalização, horizontal e vertical contemplou as marcações das vias, das faixas de pedestres e dos espaços de estacionamento, bem como novas placas de regulamentação de velocidade e de indicação (o limite de velocidade foi mantido em 50 km/h). Foram adicionados novos semáforos inteligentes e o monitoramento remoto através de câmeras.

Iluminação – A iluminação pública da Miguel Calmon foi modernizada com lâmpadas de LED, que possuem maior eficiência energética e economia, sendo essencial para apoio à segurança pública e embelezamento.  Foram instalados, ainda, postes na nova faixa de serviço projetada nas calçadas, assim como luminárias ornamentais voltadas para espaços de descanso. Além disso, o monumento da Praça Riachuelo e a fachada do prédio da Associação Comercial da Bahia (ACB) receberam iluminação especial.

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