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Movimento Boca de Brasa segue com inauguração de novos polos e seleção de propostas para aceleração

Fotos: Bruno Concha / Secom PMS

O Movimento Boca de Brasa chega ao ano de 2024 com dois focos: a inauguração de novos polos criativos, bem como o início das atividades nesses locais, e o lançamento do programa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas, contribuindo para o desenvolvimento e consolidação de iniciativas artístico-culturais que já passaram por edições anteriores do programa.

Os Polos Criativos Boca de Brasa são espaços territoriais, administrados pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), que oferecem uma variedade de atividades formativas, de produção, articulação, difusão, circulação e fruição artística e cultural.

“A gente está com uma expectativa muito positiva, porque esse ano é um ano muito especial no qual estaremos começando a operacionalizar mais cinco Bocas de Brasa. Tivemos a inauguração esta semana do Gantois e na próxima semana a inauguração do Malê”, contou Fernando Guerreiro, presidente da FGM.

Este mês, dois pólos estão sendo inaugurados e outros quatro devem ser inaugurados ainda este ano em diferentes pontos de Salvador, fomentando a realização de atividades artísticas e culturais na cidade. No último dia 2, a Escola Boca de Brasa ICEAFRO Polo Barra-Pituba foi inaugurada no Centro Cultural Mãe Carmen de Gantois, no bairro da Federação.

O evento de inauguração contou com a presença do presidente Fernando Guerreiro, da coordenadora-geral da Escola Criativa Boca de Brasa ICEAFRO, Fabíola Aquino, e de arte-educadores e músicos, que se apresentaram no local. Na ocasião, Val Soriano, atriz baiana que faz parte do elenco de “No Rancho Fundo”, próxima novela a ser exibida no horário das 18h na Rede Globo, também esteve presente e revelou ser fruto das ações do então projeto Boca de Brasa, em 1980. Ela é a diretora artística da iniciativa no Gantois.

Na próxima terça-feira (16), às 15h, será inaugurada a Escola Criativa Boca de Brasa ICEAFRO Polo Itapuã, na sede do bloco afro Malê Debalê do bairro. A inauguração terá a apresentação de Dança Afro do Rei e Rainha do Malezinho, Kailla Louise e Ivan Lucas Cardoso, além da participação do grupo de dança Malê Transição, apresentação de Naira Da Hora, atriz do Bando de Teatro Olodum, e encerramento com o DJ Branco.

“A escola criativa do Malê é um espaço muito importante, porque abrange toda a região de Itapuã, Mussurunga, Abaeté, Stella Maris e Alto do Coqueirinho e é dentro de uma sede de um bloco afro, o que tem uma importância identitária muito grande, pois nós temos esse projeto de transformar essas sedes desses blocos, que são espaços maravilhosos, em Bocas de Brasa, ampliando a potência. Os blocos acabam desenvolvendo um trabalho o ano inteiro muito ligado ao social e ao cultural”, opina Guerreiro.

As atividades artísticas e culturais do polo Barra-Pituba já estão com cronograma definido e algumas já tiveram início. No local, haverá formações em audiovisual e fotografia, gastronomia, música percussiva, sonorização e contrarregragem. Os cursos oferecidos são destinados a jovens e adultos interessados no campo da cultura e da economia criativa.

Até o final do ano, estão previstas as inaugurações dos polos na Escola Municipal Clériston Andrade, em São Marcos; na Escola Municipal Nossa Senhora dos Anjos, em Brotas; na Organização de Auxílio Fraterno, na Liberdade, e na Fábrica Cultural, na Ribeira.

Programa de aceleração – Até o próximo domingo (14), estão abertas as inscrições para iniciativas artístico-culturais, individuais ou coletivas, que já tenham participado de atividades formativas oferecidas pelo Boca de Brasa entre os anos de 2013 e 2023 e que sejam vinculadas às regiões de Cajazeiras, Centro/Brotas, Cidade Baixa, Subúrbio/Ilhas e Valéria. A seleção faz parte do Programa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas, segunda frente do Programa Boca de Brasa, com foco no estímulo e no fortalecimento das artes e da cultura nas suas diversas formas de expressão.

Além disso, o Programa de Aceleração Boca de Brasa visa promover o fortalecimento de vínculos com os territórios de origem das propostas, selecionando propostas que contem com a participação de moradores desses locais, seja como agentes, público-alvo, temática abordada ou pela realização das atividades.

Quinze propostas selecionadas irão cumprir um percurso de capacitação de maio a dezembro de 2024, recebendo um total de R$ 30 mil para custeio de participação e execução de seus planos, contabilizando um investimento público direto total de R$450 mil. O programa envolve atividades de diagnóstico, planejamento, capacitações, mentorias e apresentações das propostas contempladas.

O objetivo é capacitar as iniciativas artístico-culturais selecionadas, auxiliando na identificação de suas características, nos modos de atuação, fragilidades e potencialidades, para elaborar, colaborativamente, caminhos para oportunidades, parcerias e estratégias de sustentabilidade.

Cada iniciativa selecionada receberá uma Bolsa Estímulo no valor de R$ 10 mil, para custear despesas relacionadas à participação de seus integrantes nas atividades do programa, bem como um Capital Semente, no valor de R$ 20 mil, para a execução do plano de ação a ser desenvolvido durante o processo. Para o recebimento do capital semente, será necessário cumprir com assiduidade e comprometimento as demandas de trabalho do Programa, numa dedicação média de 20 horas semanais.

A Associação Conexões Criativas foi a Organização da Sociedade Civil selecionada pelo edital Polos Criativos Boca de Brasa para realizar o Programa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas deste ano, em parceria com a FGM e a Semdec.

Reportagem: Priscila Machado / Secom PMS

Boca de Brasa estimula arte e cultura em bairros de periferia de Salvador; inscrições vão até este domingo (14)

Fotos: Bruno Concha / Secom PMS

Até o próximo domingo (14), estão abertas as inscrições para o Programa Boca de Brasa de Aceleração de Iniciativas Culturais e Criativas, com foco no estímulo e no fortalecimento das artes e da cultura em bairros da periferia de Salvador. A iniciativa é coordenada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM) e vai selecionar iniciativas artístico-culturais, individuais ou coletivas, que já tenham participado de atividades formativas oferecidas pelo Boca de Brasa entre os anos de 2013 e 2023 e que sejam vinculadas às regiões de Cajazeiras, Centro/Brotas, Cidade Baixa, Subúrbio/Ilhas e Valéria.

Ao todo, 15 propostas serão selecionadas e irão cumprir um percurso de capacitação de maio a dezembro de 2024, recebendo um total de R$ 30 mil para custeio de participação e execução de seus planos, contabilizando um investimento público direto total de R$ 450 mil.

Cada iniciativa selecionada receberá uma Bolsa Estímulo no valor de R$ 10 mil, para custear despesas relacionadas à participação de seus integrantes nas atividades do programa, bem como um Capital Semente, no valor de R$ 20 mil, para a execução do plano de ação a ser desenvolvido durante o processo. Para o recebimento do capital semente, será necessário cumprir com assiduidade e comprometimento as demandas de trabalho do Programa, numa dedicação média de 20 horas semanais.

O objetivo é capacitar as iniciativas artístico-culturais selecionadas, auxiliando na identificação de suas características, nos modos de atuação, fragilidades e potencialidades, para elaborar, colaborativamente, caminhos para oportunidades, parcerias e estratégias de sustentabilidade. O programa envolve a realização de atividades de diagnóstico, planejamento, capacitações, mentorias e apresentações das propostas contempladas.

Edital – A Associação Conexões Criativas foi a organização selecionada pelo edital 006/2023 – Polos Criativos Boca de Brasa para realizar o programa de aceleração, em parceria com a FGM e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec). Além de atuar no desenvolvimento das iniciativas, o programa visa fortalecer os vínculos com os territórios de origem das propostas, por meio da participação de moradores desses locais, seja como agentes, público-alvo ou temática abordada.

Reportagem: Priscila Machado / Secom PMS

Viva Salvador: Carlinhos Brown, Psirico e Banda Mel comandam encerramento da programação cultural pelos 475 anos da cidade

Foto: Jefferson Peixoto

Carlinhos Brown, Seu Jorge, Psirico, Magary Lord e Banda Mel estão entre as atrações que encerram neste fim de semana a programação do Festival Viva Salvador, em comemoração aos 475 anos da cidade. Os shows gratuitos estão programados para acontecer nos dias 5, 6 e 7 de abril, nos bairros Comércio, Cajazeiras e Itaigara.

Na sexta-feira (5), a partir das 18h, Magary Lord e Psirico agitam o público com hits da carreira em Cajazeiras. Márcio Vitor, vocalista da banda Psirico, revelou que um dos seus sonhos era cantar em cima de um trio e fazer um arrastão em Cajazeiras.

“É um lugar que amo tanto, um bairro que reúne famílias de todas as comunidades ali por perto como se fosse uma cidade. Estamos preparando um repertório especial para esse povo, que tanto me apoia, que me defende em tudo. Espero a presença de todos, vão de branco, porque é na sexta-feira!”, convida o cantor.

Ainda na sexta, no Largo do Pelourinho, o espetáculo de rua Aláfia exibe o musical itinerante “A Cidade da Bahia é Nossa!” em comemoração aos dez anos de existência. A apresentação acontece a partir das 19h, com saída do Largo do Pelourinho até o Terreiro de Jesus.

Salvador Capital Afro – Já no sábado (7), a partir das 16h, a Praça Maria Felipa no Comércio será o palco da apresentação Salvador Capital Afro, montada em celebração à cultura negra e conduzida pelos shows dos anfitriões Carlinhos Brown e Larissa Luz. O repertório promete ir de Gilberto Gil a Raul Seixas, passando por BaianaSystem e Gal Costa. Além deles, a escola de samba Unidos da Viradouro, tricampeã do carnaval carioca, vai fazer uma apresentação destacando a abertura de Salvador para a cultura do Brasil e a simbologia das trocas inter-regionais do Brasil.

O espetáculo conta com a direção musical de Thiago Pugas e a direção artística de Gil Alves, contando com participações especiais de Seu Jorge, interpretando compositores de Salvador num capítulo que fala sobre a relação da cidade com a escrita que vai para o Brasil; a Banda Didá, que vai exaltar o samba-reggae e os blocos afros; e Luedji Luna, fazendo uma homenagem à força feminina da cidade.

Luedji Luna compartilhou sua felicidade ao dividir o palco novamente com a conterrânea Larissa Luz e a oportunidade de cantar ao lado de Brown e Seu Jorge pela primeira vez. “Para mim é uma satisfação imensa cantar mais uma vez no aniversário da minha cidade. Espero que isso se torne uma tradição. Amo cantar na minha terra, principalmente em um evento como o Festival Viva Salvador. Estou muito feliz, muito contente, muito honrada”, exalta a artista.

Parque da Cidade – Também no sábado (6), no Parque da Cidade (Itaigara), a partir das 9h, acontece a Exposição de Carros Antigos com a presença do Rixô Elétrico, de Fred Menendez. No domingo (8), a partir de 12h, a Banda Mel celebra os 40 anos de trajetória com um supershow, encerrando o Viva Salvador. A apresentação é a estreia da turnê comemorativa e o primeiro do grupo após anunciar o retorno dos vocalistas Márcia Short e Robson Morais.

“Fizemos um carnaval memorável, o pontapé para as celebrações das quatro décadas de história desse grupo tão importante para a memória musical do Brasil. Estamos retomando com total vitalidade, ouvindo compositores e preparando canções inéditas que certamente vão honrar a história do nosso repertório e enriquecer ainda mais a música baiana”, ressalta Robson.

Reportagem: Iann Jeliel/Secom PMS

Bienal do Livro terá mais de 100 horas de conteúdo para todos os públicos

Foto: Igor Santos/Secom PMS

A Bienal do Livro Bahia retorna entre os próximos dias 26 de abril a 1º de maio, no Centro de Convenções de Salvador, na Boca do Rio, reunindo 170 convidados do mercado editorial. O evento, correalizado pela Prefeitura, terá como tema nesta edição “As Histórias que a Bahia Conta”.

Personalidades e artistas estarão presentes na ocasião, produzindo mais de 100 horas de conteúdo para todos os públicos, em três diferentes espaços da programação cultural oficial: Café Literário, Arena Jovem e Espaço Infantil. Na edição anterior, realizada em 2022, o evento alcançou a marca de 90 mil visitantes, sendo 20 mil pessoas em um único dia.

Entre os convidados estão autores internacionais, como o iraniano-americano Abdi Nazemian, autor dos livros “Tipo uma história de amor” e “O legado de Chandler”, e Scholastique Mukasonga, sobrevivente dos massacres de Ruanda ocorridos na década de 1990 e autora de “Nossa Senhora do Nilo” e “A Mulher de Pés Descalços”. Alguns dos principais expoentes da literatura brasileira contemporânea também fazem parte da programação, dentre eles estão Itamar Vieira Jr., Pedro Rhuas, Paula Pimenta, Socorro Acioli e Thalita Rebouças; além de celebridades como Daniela Mercury, Bruna Lombardi e Zélia Duncan. 

Os ingressos para o evento já podem ser adquiridos no site oficial do evento (https://bienaldolivrobahia.com.br/). A entrada custa R$30 (inteira) e R$15 (meia). Durante os dias da Bienal haverá também bilheteria física no próprio espaço do evento.

A diretora Tatiana Zaccaro, da GL Events Exhibitions, empresa que administra o Centro de Convenções, afirma que a Bienal do Livro Bahia se consagra como um espaço de celebração da representatividade. “Isso faz com que a Bienal Bahia seja um evento de grande importância para o fomento da cultura de um estado que é tão importante para o Brasil, assim como uma oportunidade para aproximar os leitores do universo dos livros. Ela nos apresentará uma programação bastante diversa, rica, plural e propositiva de novas ideias, como é a própria Bahia. É um evento com identidade e personalidade próprias, que cresce cada vez mais”, detalhou.

Mais de 200 marcas expositoras já estão confirmadas, inclusive as quatro principais editoras do país: Companhia das Letras, HarperCollins Brasil, Rocco e Globo Livros, que levarão para os estandes seus principais títulos, lançamentos e ações especialmente pensadas para o público baiano.

Participação da FGM – Nesta edição, o projeto Caminhos da Leitura, da Fundação Gregório de Mattos (FGM), também retorna à Bienal. A programação da FGM, por meio do projeto, é dedicada ao público infantil e terá contação de histórias, apresentações e diversas atividades.

No primeiro dia (26/4), às 12h30, o projeto apresenta Boca de Cena – História de Raíz, com contações de histórias tradicionais. No dia seguinte (27/4), às 12h, é a vez contação do livro Poesia para Bebês, de Denise Bela. Já no domingo (28/4), às 12h, o projeto apresenta o espetáculo Eu vim da Bahia Mirim, do Grupo Currupio.

Na segunda-feira (29/4), às 16h30, o Caminhos da Leitura traz para o público Mini Recital Maria Felipa | Bonde da Calu. Na terça-feira (30/4), às 13h, será apresentado “As Aventuras e travessuras no 2 de Julho”, com o Palhaço Tizu. Para encerrar a Bienal de 2024, no dia 1º de maio, às 13h, a FGM apresenta o Biblioterapia. 

Escola de Samba Unidos da Viradouro vem a Salvador em show de encerramento dos 475 anos da cidade

Fotos: Renata Xavier / Divulgação

A Escola de Samba Unidos do Viradouro, tricampeã do Carnaval carioca, se apresenta em Salvador no dia 6 de abril, em homenagem aos 475 anos da capital baiana. Integrantes da agremiação vão participar do show de encerramento do Festival Viva Salvador 2024, que acontecerá na Praça Maria Felipa, no Comércio. O espetáculo especial, montado para celebrar o aniversário da cidade, terá como anfitriões os artistas Larissa Luz e Carlinhos Brown e terá ainda participações de Seu Jorge, Luedji Luna e Banda Didá.

A Unidos do Viradouro é a atual campeã carioca, título conquistado levando ao sambódromo o enredo “Arroboboi, Dangbé”, que fala sobre o culto ao vodum serpente. A comissão de frente da escola é liderada por Priscilla Mota e Rodrigo Negri e foi um dos grandes destaques do desfile, garantindo uma abertura impactante da Vermelho e Branco. Na Avenida, a aparição de uma serpente rastejando pela pista e a finalização da apresentação com um grande arco-íris impactaram a Sapucaí. Um dos elementos do desfile que fará parte da apresentação em Salvador será a mesma Serpente usada no desfile.

Outro ponto forte da Escola, esse ano, foi a bateria, chamada de Furacão Vermelho e Branco, comandada por mestre Ciça. Os ritmistas levantaram o público com um show de ritmo e paradinhas que faziam alusão aos toques do Candomblé Jeje. O desfile idealizado pelo carnavalesco Tarcísio Zanon obteve 270 pontos e garantiu a terceira conquista da escola de Niterói no Carnaval carioca.

A Viradouro também foi vitoriosa nos desfiles de 1997, com o enredo “Trevas! Luz! A explosão do universo”, e 2020, onde a Bahia foi inspiração para a agremiação contar a história das Ganhadeiras de Itapuã com o enredo “Viradouro de alma lavada”. Lideradas por Maria de Xindó, o grupo Ganhadeiras de Itapuã esteve presente no desfile campeão do Carnaval 2020, estreitando ainda mais a relação entre a escola de samba carioca e a cultura baiana.

Salvador 475 anos: Entre belas praias e a linha do trem, Subúrbio abriga tesouros das culturas indígena e negra

Foto: Igor Santos / Secom PMS

A Casa das Histórias de Salvador, inaugurada em 2024 como um presente pelos 475 anos da capital baiana, possui uma exposição dedicada ao Acervo da Laje, que há 14 anos reúne obras de artistas do Subúrbio Ferroviário. Uma amostra rica e diversa da coleção, que tem sede no bairro de São João do Cabrito: pinturas, fotografias, esculturas e objetos históricos.

Riqueza que reflete a própria diversidade do Subúrbio, impossível de resumir numa história só. Nesta região da cidade, há bairros planejados e outros de ocupação desordenada; há casas ostentosas, herança da época de veraneio, mas também residências sem reboco; tem um dos maiores parques urbanos do país, mas também tem indústrias, linhas de trem e portos. Tudo espalhado ao longo de um litoral privilegiado, com belas praias e mar calmo, que é abrigado pela Baía de Todos-os-Santos.

A ocupação daquela região é, inclusive, anterior à fundação de Salvador, a primeira capital do Brasil, em 1549: há documentos que citam a criação do Engenho de Afonso Torres em 1544 onde hoje fica Paripe. Trata-se da primeira produção de açúcar documentada no país.

Por 400 anos, o Subúrbio seguiu esse rumo: seu bioma de Mata Atlântica foi terreno ideal para a criação de enormes fazendas de cana-de-açúcar, cultura que esteve no centro da economia colonial. Isso explica, também, a forte presença, até hoje, da cultura negra e das religiões de matriz africana na região, especialmente no Parque São Bartolomeu: afinal, a maior população dos engenhos não eram os senhores brancos, mas sim os homens e mulheres escravizados.

Foi só a partir dos anos 1970 que a paisagem do Subúrbio se transformou na que temos hoje: uma região ocupada por casas e mais casas, construídas por pessoas que vieram do interior em busca de trabalho e de melhores condições de vida e que encontraram ali um morro, um vale ou uma encosta vazios. Surgiu, assim, uma das zonas de maior densidade populacional da cidade, onde moram pelo menos 10% dos soteropolitanos.

Sambaqui da Pedra Oca

Mas essa é a história após a chegada dos colonizadores. Antes disso, o atual Subúrbio foi o lar dos povos tupinambás, que se estabeleceram nas terras ao redor da baía por conta da sua fartura de peixes, abundância de rios e mata fechada. Um dos sítios arqueológicos mais importantes sobre a presença humana antes da colônia foi encontrado na praia de Periperi: o Sambaqui da Pedra Oca.

Foto: Igor Santos / Secom PMS

Mas, o que são sambaquis? São depósitos onde os povos indígenas empilhavam materiais orgânicos, como conchas e ossadas, e objetos diversos. Com o tempo, sofrem os efeitos da areia e da chuva e acabam fossilizando. Comuns no litoral, eles tornaram-se fundamentais para o estudo dos hábitos de vida dos povos indígenas.

E é em Periperi que, em 1961, começou a ser estudado um dos principais sambaquis do Brasil: o da Pedra Oca. Das escavações do antropólogo espanhol Valentín Calderón, foram coletados itens de pedra, de osso e de barro cozido que estão entre os mais importantes da arqueologia brasileira.

Quilombo do Urubu

O atual Subúrbio faz parte do Recôncavo e, como tal, seguiu a lógica da colônia para essa região: engenhos e fazendas de tabaco. Na verdade, àquela época, tirando a Sé (ou Centro Histórico), toda Salvador era tomada por propriedades rurais. Porém, por conta da facilidade de escoamento da produção pela Baía, o Subúrbio despertou um interesse muito maior dos senhores – e levou muito mais tempo para mudar essa lógica, também.

Por 400 anos, a paisagem foi essa: áreas verdes, casas grandes, pequenas igrejas e, sobretudo, muitas senzalas. O Subúrbio, como todo o Recôncavo, era profundamente escravista. Os senhores de engenho escravizaram famílias inteiras, mantendo cativa uma população de milhares de pessoas.

Foto: Igor Santos / Secom PMS

Foi no atual Parque São Bartolomeu que surgiu no começo do Século XIX o Quilombo do Urubu, fundado por uma mulher: Zeferina. Trata-se de um dos mais importantes quilombos da Bahia, que realizou ofensivas para libertar escravizados das fazendas ao redor. A comunidade resistiu munida apenas de arcos, flechas e facas até dezembro de 1826, quando foi derrotada por soldados de Salvador.

O Quilombo do Urubu era um espaço também de resistência cultural: documentos atestam que nele os quilombolas cultuavam os orixás. Em São Bartolomeu, os negros encontraram um ambiente propício à reconstrução da sua identidade. As cachoeiras possuem nomes de orixás – Nanã, Oxumarê e Oxum – e no local ocorrem cerimônias do candomblé até hoje.

E o trem?

O Subúrbio, afinal, possui um ‘sobrenome’: Ferroviário. E ele veio graças à Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco, inaugurada em 1860. A linha, que ainda hoje atravessa todo o Subúrbio, da Calçada até Paripe, ligava inicialmente Salvador a Alagoinhas, mas o projeto previa conectar também toda a região produtiva do Recôncavo, como Cachoeira e Nazaré.

O objetivo era dinamizar a economia açucareira e do fumo, trazendo os produtos de trem para o porto de Salvador. “A ideia partiu da elite agrária da Bahia, ou seja, de quem tinha condição de bancar um projeto como esse e de pressionar para que saísse do papel. Mas o trem, principalmente nos anos seguintes, é também um trem de passageiros. E nisso ele exerce um papel fundamental: muitas famílias saíram do sertão e chegaram a Salvador por meio dele”, conta o historiador Rafael Dantas.

O projeto rapidamente fracassou, pois nos anos seguintes a economia açucareira entraria em crise até se desmantelar completamente. Ainda assim, o trem trouxe desenvolvimento: em volta dele, surgiram povoados de operários da linha férrea. Também atraiu indústrias para o Subúrbio, como a São Brás, em Plataforma, de produtos têxteis. O trem seguiu como meio de transporte de passageiros, o que perdurou até o Século XXI.

Local de veraneio

Do começo do Século XX até a década de 1960, o Subúrbio se tornou uma das regiões de veraneio mais cobiçadas pelas elites do Centro de Salvador, atraídas pelas belas praias de águas tranquilas e pela biodiversidade local. Com o declínio da produção açucareira neste período, os grandes proprietários começaram a se desfazer de suas terras, repartindo entre os próprios familiares ou vendendo lotes para outros endinheirados.

Esse cenário ocorre sobretudo na faixa litorânea de Paripe, Tubarão e São Tomé de Paripe, onde ainda hoje é possível ver casas em terrenos amplos, com jardins e varandas. O novo momento, boêmio, é celebrado e descrito em diversas obras literárias, como Os Velhos Marinheiros (1961) e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966), ambas de Jorge Amado.

Foto: Igor Santos / Secom PMS

O óleo do Lobato

Em janeiro de 1939, o Lobato era uma área ocupada por residências de pessoas muito pobres, que não conseguiam sequer consumir a água local, pois era uma lama preta que só servia para acender os candeeiros. No dia 21 daquele mês, os homens de paletó chegaram e contaram: aquela lama era riqueza. Em poucos dias, o presidente Getúlio Vargas pisava no Subúrbio para sujar a mão e posar para uma foto histórica.

A descoberta da primeira jazida de petróleo do Brasil no Lobato foi a promessa de uma vida melhor para os baianos. Àquela altura, a Bahia vivia uma grave crise econômica, provocada pelas secas no sertão e pela ruína da agricultura. Salvador recebia cada vez mais gente do interior em busca de trabalho: entre os anos 1940 e 1960, a capital baiana passaria de 300 mil para mais de 1 milhão de habitantes.

“A situação no interior da Bahia era de desemprego e fome. Então, essas pessoas viram na descoberta do petróleo a oportunidade da vida. Elas vieram em busca de emprego e de moradia, só que essa massa não foi absorvida como um todo. É nesse momento que surgem as ocupações desordenadas em toda Salvador e no Subúrbio também, sendo a maior expressão disso as palafitas dos Alagados”, diz o historiador Augusto Fiuza.

O crescimento populacional se intensifica a partir de 1970, com a cidade batendo 2 milhões de pessoas em 1990. Nesse período, o Subúrbio recebe empreendimentos como o Porto de Aratu, o Centro Industrial de Aratu (CIA) e a Usina Siderúrgica da Bahia (Usiba). Em 1971, é inaugurada a Avenida Afrânio Peixoto, mais conhecida como Suburbana, o que levou ainda mais famílias a ocuparem as áreas ao longo da nova via.

Os vários subúrbios

Por isso, a formação do Subúrbio é tudo, menos linear ou uniforme. Talvez, esteja aí o segredo do bairro, tão plural, também na sua paisagem. Em Periperi, temos na região da Praça da Revolução um pequeno núcleo planejado, de ruas largas, pois era a vila operária dos trabalhadores da linha férrea, em sua maioria ingleses e italianos.

O bairro ao lado, Fazenda Coutos, surgiu do realocamento nos anos 1980 de pessoas que estavam na invasão da Malvina, na Paralela, atual Bairro da Paz. Como aquele território era parte do Parque de Pituaçu, o Estado doou lotes no Subúrbio para as famílias – por isso o bairro é planejado. Na mesma época, foram construídos condomínios populares pela Urbis e pelo Inocoop: Mirantes de Periperi e Vista Alegre, por exemplo.

Já ao longo da Suburbana, vê-se bairros inteiros que se criaram em morros devido à pura necessidade de moradia da população: “Mas esse não é um fator só do Subúrbio, é de várias regiões de Salvador: Liberdade, São Caetano, Pero Vaz, entre tantos outros, onde você também observa a ocupação sem uma padronização”, diz Augusto Fiuza.

Para o historiador, o Subúrbio ofereceu algo muito raro para o povo negro e pobre: oportunidade de viver. “Eram pessoas que realmente precisavam morar, ter um teto, e arrumaram os seus meios de construir uma casa onde podiam”, completa.

José Eduardo Ferreira buscou a arte para combater os estigmas sobre o Subúrbio

Tem artista na periferia? Essa foi a pergunta que norteou a criação do Acervo da Laje. “As pessoas de Salvador são muito racistas com as periferias, como em todo o Brasil. Definem as periferias como um lugar de ausência, sendo que nelas se produz muito. Boa parte da história da Bahia aconteceu no Subúrbio. No entanto, o Subúrbio é sempre nivelado por baixo”, diz José Eduardo Santos, pesquisador e um dos idealizadores do projeto.

Ele e Vilma Santos, moradores de São João do Cabrito, queriam quebrar o estigma sobre o Subúrbio através da arte: ou seja, mostrar um aspecto da região que a própria Salvador não conhece, despertando um olhar mais afetivo. “E aí, quando a gente começa a descobrir a produção do território, a gente vê que é uma produção contínua, com grandes artistas, que a gente já levou para o país todo. E essas obras vão ganhando uma dimensão que o Brasil ainda não conseguiu enxergar nas periferias da devida forma”.

O que está em exposição na Casa das História é um extrato do que há no Acervo da Laje, localizado em duas casas em São João do Cabrito. Reúne obras dos ‘artistas invisíveis’, como já foram chamados, como Almiro Borges, Ray Bahia, Dona Coleta de Omolu, Mila Souza, Daniele Rodrigues, Adilson Baiano Paciência, entre outros. O espaço também tem jornais, manuscritos, placas, letreiros e outros itens de memória do território.

José Eduardo e Vilma Santos – Foto: Divulgação

Morador do Subúrbio, José Eduardo compartilha do sentimento de quem visita a mostra na Casa das Histórias: “A gente está se vendo pela primeira vez em uma exposição. Porque tem os nomes dos nossos bairros, tem nossa gente representada por nossa gente. Não são pessoas falando sobre a gente. São os nossos fazendo arte para os nossos e mostrando os nossos. Entende? Então, isso aí muda tudo. Muda o foco, a curadoria, a forma de se pensar o espaço de arte, muda até a forma de sonhar”, explica.

“É uma exposição de cor intensa, amarelo, muito forte, para tirar da invisibilidade aqueles artistas que estão ali. Ela é uma música: tem o início, segue num caracol e no final tem uma festa. Estamos celebrando Salvador, dizendo que ela está fazendo aniversário, mas que ela não se conhece ainda e precisa conhecer”, completa José Eduardo.

Para o pesquisador, a mostra transmite potência, uma sensação que lhe vem de imediato: “Se a gente faz uma exposição, tem que ser desse jeito, potente, bonita, porque nós da periferia merecemos ter uma exposição assim, merecemos ocupar esse espaço. Porque, senão, você se nivela por baixo. E porque, quando se aposta na periferia, ela brilha”, disse.

“Fazer uma Casa das Histórias de Salvador sem contar com as periferias da cidade seria uma antipolítica. Então essa iniciativa é política pública, é escuta sensível, é dar espaço a quem é de direito ter protagonismo. E cada vez mais, nos próximos equipamentos, a gente vai ocupar mais e mais espaços, até a gente ocupar tudo o que puder”, finaliza.

Reportagem: Vitor Villar / Secom PMS

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